Ao longo da história o ser humano buscou explicações para todos os fenômenos e assim foi construindo sua existência e procurando compreender as diferenças. As sociedades também estabeleceram profundas divisões entre as classes sociais e foi categorizando o ser humano como desigual. Nesta divisão estrutural foi selecionando as pessoas como: ricas-pobres; brancas-negras; novas-velhas; superiores-inferiores; dominados-dominantes; normais e desviantes. Construindo grupos minoritários e marginalizados segundo suas diferenças, fazendo com que estes grupos até hoje ainda lutem para que sejam vistos como iguais em diferentes contextos. Neste momento relembro uma frase de Boaventura Santos que fala de igualdade e diferença -temos direito a ser iguais quando a diferença nos inferioriza, temos direito a ser diferentes quando a igualdade nos inferioriza.
Essa retrospectiva tenta demonstrar a construção individual e coletiva destes grupos considerados desviantes, até porque a nossa cultura está muito arraigada aos conceitos construídos na história da humanidade. Portanto no contexto social, evidenciam-se as mais variadas formas de preconceito/exclusão e/ou aceitação/inclusão dependendo do que se apresente como "diferente". Por exemplo aquele que não lê; não escreve; não anda; não acompanha o ritmo dos outros; não fala corretamente ou necessita de recursos materiais ou dos demais para a sua movimentação, alimentação e sobrevivência. Neste contexto também encontramos o paralisado cerebral (PC), possuidor de uma variedade de diferenças envolvendo a movimentação, coordenação e as vezes a fala, e inserido como desviante dos padrões considerados normais para a sociedade. Este é um momento de reflexão e questionamentos entre eles: Como poderemos ajudar enquanto educadores para desconstruir esse olhar estigmatizante aos ditos diferentes? Esta é a nossa preocupação como membro de uma sociedade ainda seletiva, desigual e excludente.